É uma das questões, que têm sido postas desde o fim da Segunda Guerra Mundial: será que os EUA tinham conhecimento das câmaras de gás muito antes de investirem seriamente no esforço militar?
A primeira experiência com Zyklon B no campo de concentração de Auschwitz ocorrera em 3 de Setembro de 1941 com os prisioneiros soviéticos do Bloco 11, mas já se recorria a esse ácido prússico nos EUA desde o seu teste numa execução em Carson City em Fevereiro de 1924, em que o condenado levara mais de quinze minutos a morrer. E ele era conhecido nos laranjais da Califórnia enquanto remédio para cura das moléstias desses pomares, desde que a indústria militar o inventara logo após a Primeira Guerra Mundial.
Erwin Respondek toma conhecimento com tal gás letal, quando trabalhava na IG Farben, empresa alemã, que, em 1930, o mandata a negociar com a norte-americana Dupont a forma de ambas monopolizarem o mercado mundial dos produtos químicos. Três anos depois, quando é um dos deputados centristas, que acolhem com assaz desconfiança a ascensão dos nazis ao poder, Respondek logo inicia uma rede de expatriação clandestina de judeus para além-fronteiras.
No outro lado do Atlântico, vive-se na Dupont o entusiasmo pelos sinais transmitidos por Hitler, tanto mais que a empresa iria apoiar os movimentos fascistas norte-americanos nos anos seguintes e apostaria em manter com a IG Farben a estratégia de cartelização monopolista do mercado mundial. Uma das herdeiras da família até casara com um alemão e mudara-se para a Europa, aí se confessando grande admiradora de Hitler.
As execuções com gás letal, que continuam a suceder-se na maioria dos estados norte-americanos recorrem ao ácido prússico produzido por essa mesma Dupont.
Com a consolidação do poder nazi e o início da guerra, Respondek sente um acrescido estímulo para combater o regime. É assim que, tomando conhecimento, da iminência da invasão da Rússia ele faz chegar tal informação ao Kremlin através da embaixada dos EUA, mas Estaline julga tratar-se de uma provocação e não age com a devida cautela.
Esse terá sido o primeiro acto de espionagem da autoria de Respondek.
Em 1942 está concluído o complexo de Auschwitz-Birkenau com as câmaras de gás aonde irão ser assassinados centenas de milhares de judeus aí chegados por via férrea.
Apesar de Respondek garantir que os principais administradores da IG Farben conheciam toda a estratégia de extermínio nazi, eles acabam inocentados no Tribunal de Nuremberga, quando a guerra acaba.
Pior destino tem Respondek que, nessa altura, é completamente abandonado pelos seus contactos norte-americanos, morrendo esquecido e empobrecido em 1971. Ao contrário de Madeleine Ruoff-Dupont, que acaba celebrada como benfeitora na Alemanha e da Dupont, cujas ligações ao poder nazi nunca chegarão a ser investigadas...
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