quinta-feira, dezembro 22, 2011

CU: STEVE TESICH - FOUR FRIENDS


Este é decerto um dos filmes da minha vida. Não seguramente dos primeiros, que para isso há Welles, Eisenstein ou Chaplin, mas decerto entre aqueles que se visitam e revisitam sempre com o mesmo encanto. Porque trata de uma geração para quem importavam os sonhos, que pudessem realizar sem cederem ao emburguesamento a que todos acabam, mais cedo ou mais tarde, por ceder.

Há actores (Craig Wasson, mas, sobretudo Jodi Thelen) em estado de graça e a referência a tudo quanto a América iria passar durante essa década de 60, a começar pela morte de Kennedy e pelo problema dos direitos cívicos até à alunagem de Armstrong e de Aldrin na Lua, sem esquecer, obviamente, a guerra do Vietname.

Para Danilo Prozor, o protagonista, a América acaba por ser muito mais do que a promessa de sonhos condenados a frustrarem-se: ela é o espaço dilatado de tantas esperanças e tragédias por que vai passando, até se tornar possível o que sempre desejou. E que começara por perder muito cedo devido à sua imaturidade.

Nesse sentido o filme de Arthur Penn acaba por ser generoso para com o espectador, porque deixa a possibilidade de, mesmo tardando muito e implicando tanto sofrimento, o desejo mais improvável acaba por se tornar exequível. Nesse sentido ainda alimenta o mito de América, terra dos sonhos...

Mas é, também, um filme sobre as dificuldades de comunicação entre pais e filhos, já que apresentam aqueles ora como abusadores psicopatas ora como complexados perante a enorme diferença, que vai entre o seu mero esforço pela sobrevivência e a inesgotável vontade de realização pessoal dos seus rebentos.

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