segunda-feira, dezembro 26, 2005

UMA REALIDADE A CONTRACORRENTE

O «Nouvel Observateur» entrou de férias e, por isso, decidiu publicar um número duplo para abarcar duas semanas de leitura. Por sinal, um dos melhores exemplares desta revista desde há já vários meses. Com Mozart como chamariz de capa, mas com muitas outras matérias de interesse. A começar pelos editoriais dos principais colunistas, que procuram situar alguns dos episódios mais recentes da política francesa no rescaldo do cenário de guerra civil nos subúrbios.
Jean Daniel, por exemplo, reconhece que, “segundo uma sondagem realizada pelo «Le Monde» (…) um francês em quatro declara-se de acordo com as ideias de Jean Marie Le Pen, nomeadamente no que diz respeito à defesa dos valores tradicionais, da segurança, da situação nos subúrbios e da emigração. Mais grave, ainda, um francês em cada três considera que a Frente Nacional não representa qualquer perigo para a democracia”.
Contestando a leitura demasiado apressada dessa sondagem por extrair conclusões de perguntas contextualizadas de uma forma demasiado abrangente, Jean Daniel reconhece, ainda assim, “que a tendência actual de uma parte dos franceses é de fechar-se em si mesmo e rejeitar o outro”.
Essa sensação de se perfilharem certas ideias a contracorrente de uma realidade aparentemente adversa, surge, igualmente, na constatação pelo mesmo Jean Daniel de que, hoje em dia, “os Estados Unidos têm uma taxa de crescimento, que ultrapassa os 3,6%. Criam 200 mil empregos por mês. O consumo raramente foi tão forte e a inflação é nula.”

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