domingo, junho 26, 2016

(EdH) Naachtun, uma cidade maia (4ª parte)

Durante dois mil anos os Maias construíram reinos e desenvolveram uma civilização de incomparável riqueza. Depois desapareceram misteriosamente. A sua História perdeu-se, escondida por um intrincado manto vegetal.
Encontrada na zona mais profunda da floresta virgem situada no norte do Gautemala, Naachtun foi descoberta em 1922, mas não tinha sido investigada desde então.
Nos últimos cinco anos uma equipa científica internacional composta por arqueólogos, geógrafos, botânicos, epigrafistas, ceramólogos, zoólogos e etnólogos, liderados por Philippe Nondédéo e Dominique Michelet tenta explicar a razão da longevidade dessa cidade, que sobreviveu quase dois séculos a outros reinos mais.
Até agora já se concluíram alguns factos verosímeis: no final da era clássica, que durou entre 250 e 900 d.C., o esvaziamento das cidades não aconteceu de forma sincronizada nem planeada, o que torna mais complexa a interpretação das causas que o terão motivado.
Se Naachtun durou mais algum tempo terá sido por possuir uma organização social e económica mais avançada do que a realeza sagrada existente anteriormente. Perante a derrota de um rei omnipotente, é crível que os seus súbditos, completamente desamparados, se tenham dispersado pelos campos, abandonando a cidade onde já não acreditavam na garantia da sua normal subsistência. Ora, em Naachtun, o desaparecimento da realeza por volta de 750 d.C., deu origem a uma outra forma de se estruturar a sociedade e até recuperar um certo fulgor.
Se ainda não se conhecem as razões precisas para o fim da instituição real em Naachtun, elas não terão sido muito diferentes das que causaram o mesmo resultado em toda a atual América Central: guerras intermináveis, que exauriram completamente as populações e puseram em causa a prosperidade anterior, sobretudo se aceleradas por fenómenos climáticos como foi o caso da seca prolongada, ocorrida por volta de 760.
É certo que conheceu o mesmo destino das suas vizinhas entre 950 e 1000 d.C., mas não deixa de se reconhecer a sua sobrevivência provisória em relação á exuberante Tikal. O que fez toda a diferença para as gerações nela ocupadas em sobreviverem o melhor que podiam.

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