terça-feira, junho 21, 2016

(EdH) Naachtun, uma cidade maia (1ª parte)

Os Maias suscitam-nos um fascínio incontornável por terem sido capazes de criar uma civilização na vanguarda do que, então, se passava ao nível dos vários continentes, vendo-a depois ruir sem que, ainda hoje, haja grande consenso explicativo para que tal tenha sucedido. Os especialistas defendem que, à época, as cidades maias eram tão esplendorosas quanto nos parecem as de Paris, Berlim ou Nova Iorque na atualidade.
Não espanta que, andando sempre inquietos por tantas possibilidades de vermos o quotidiano transformado em algo de apocalítico, olhemos para esses exemplos do passado como forma de procurar resposta para evitarmos o que os fez declinar.
Há ainda o sortilégio de sabermos escondidas no manto vegetal da América Central muitas das suas cidades monumentais, o que leva alguns alucinados a continuarem a acreditar na possibilidade de virem a encontrar o mítico El Dorado.
Mais sério é o trabalho dos cientistas, que andam a prospetar os vestígios ainda existentes de uma antiga cidade, à qual os arqueólogos, que a foram procurar em 1922, deram o nome de Naachtun, juntando as palavras maias “tun”, que significa “pedra” e “naach”, que equivale a longe. Mas quem a encontrou foram uns operários chicleteros, pagos por empresas norte-americanas para se embrenharem na selva e dela trazerem um tipo de goma vegetal utilizada no fabrico de pastilhas elásticas.
Foram essas empresas, quem alertaram o arqueólogo e epigrafista Sylvanus Morley, que logo organizou a expedição em causa, apesar dessa localização corresponder a uma das zonas de mais difícil acesso no norte da Guatemala.
Surpreendentemente, tão-só descoberta, essa cidade voltou a cair no esquecimento até ser objeto da investigação de dois franceses, Dominique Michelet e Philippe Nondedeo que, nos últimos cinco anos, têm mobilizado quatro centenas de colaboradores para, no Inverno, os acompanharem no desenvolvimento da procura de mais vestígios ilustrativos do esplendor dessa cidade, que se estende por uma área superior a 200 hectares.
Cada montículo ou relevo pode esconder uma descoberta significativa naquele que é um dos desafios mais aliciantes da arqueologia atual.
Descobriram-se três pequenos templos mais elevados cujo papel ainda não está estabelecido, havendo várias hipóteses para fundamentar o papel religioso, que desempenhavam. Uma das pistas seguidas pela equipa da Sorbonne e do Museu de História Natural de Paris é o de olharem para as cidades mais próximas e da mesma época para nelas encontrarem pontos de referência comuns. Ora a 20 quilómetros de distância situa-se El Mirador, que tem merecido a atenção de uma equipa da Universidade do Idaho nos últimos vinte anos.
Embora mais antiga do que Naachtun, porque terá nascido em 600 a.C., essa cidade também chegara a contar com mais de dez mil habitantes que, em determinada altura, a resolveram abandonar. 

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