sexta-feira, setembro 16, 2005

Ver Impossíveis

Foi uma das mais belas frases, que vi nos últimos tempos e era assaz repetida por Robert Kennedy nos seus comícios, apesar de ser da autoria de George Bernard Shaw:
- Há quem veja a realidade e pergunte «Porquê»? Eu vejo impossíveis e digo-me «Porque não»?
É uma variante de outra bela frase, muito citada na época: «Seja realista, peça o impossível!».
E muito embora sejam próprias de um tempo muito particular da história humana, já aparentemente tão distante, apetece resgatá-las para o presente e impô-las como exigência desta época em que as pessoas andam tão desencantadas.
Porque esse Robert Kennedy, cuja morte tanto me impressionou quando eu tinha doze anos, passara por uma experiência iniciática tão reveladora quanto a de Ernesto Che Guevara no seu périplo pela América Latina ao volante de uma motocicleta. Para o antigo entusiasta das políticas anticomunistas de MacCarthy, o choque do seu encontro com a miséria da região do Mississipi - uma das mais afectadas pela recente passagem do Katrina - fê-lo sacerdote de uma nova doutrina redentora. Aquela que prometia o paraíso na Terra a todos os norte-americanos, a quem prometia libertar da pobreza, do analfabetismo e da obrigação em servir de carne para canhão na ratoeira vietnamita.
Esses impossíveis, que justificavam a pergunta: Porque não?
O mesmo «Porque Não?» que deveremos utilizar ao confrontarmos as nossas frustrações com as realidades feitas tão diversas das nossas ambições.
Precisamos urgentemente de uma outra sociedade, de uma outra forma de desenvolvermos as relações de produção e a correspondente distribuição dos seus dividendos…

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