quinta-feira, setembro 22, 2005

ELIA KAZAN: «A LESTE DO PARAÍSO»

Califórnia, no começo do século. Uma luta fratricida ecoa com os efeitos da guerra na Europa.
Uma fábula metafísica interpretada por James Dean, um Caim destroçado à procura das suas origens.
Adam é um homem de bem. Alguém que, diz-se, «vive como nos tempos da Bíblia». Mas se o seu filho Aron, rapaz educado, noivo da encantadora Abra, é ffeito à sua imagem e semelhança, o outro filho, Cal sente-se diferente.
Ele descobre que a origem desse mal pode relacionar-se com a sua descoberta em como a sua mãe não morrera, como lhe dissera o pai: mulher intrigante, vestida de preto, ela gere uma casa de má nota do outro lado da baía - mais a leste.
Dividido entre a perturbante familiaridade decorrente da existência libertina da mãe e a vontade de se redimir, Cal investe corpo e alma num projecto de refrigeração de alimentos imaginado pelo pai.
O custo dos seus esforços - julga ele - será o amor do pai, que até então não soubera ganhar...
As paisagens filmadas por Kazan, com céus muito azuis e campos de milho recortados por granjas poeirentas, dão a James Dean a oportunidade de demonstrar todos os seus recursos expressivos naquele que foi o seu primeiro grande papel no cinema.
Vagabundo agitado pelas suas emoções a apanhar comboios de mercadorias para uma errância sem fim entre o insustentável lugar de perdição e o impossível refúgio, ele vê-se na contingência de alcançar o perdão em vez do amor. E, atrás de Cal, é Caim que se deve ver, tal como Aron personifica um Abel disfarçado. Porque Elia Kazan não se preocupa muito em escamotear o lado simbólico do seu filme: Cal, que quer encontrar a salvação a qualquer preço, vê-se alvo do amor da noiva do seu irmão e trabalha intensamente para devolver ao pai a fortuna perdida no projecto de refrigeração. Mas comete um crime fracticida…
Este filme notável pelos seusplanos expressionistas e a sua iluminação extremamente contrastada, conta a mais velha das histórias: a do crescimento de um rapaz até se tornar adulto através da iniciação pelas vias da dor, da paixão e da morte...

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