segunda-feira, setembro 12, 2005

QUMRAN: SEGREDOS ESCONDIDOS NO DESERTO

Qumran nas margens do Mar Morto em 1947: encerrados em jarros, escondidos há dois milénios numa gruta, foram encontrados os célebres Manuscritos bíblicos e os rolos de cobre com a lista dos míticos tesouros algures ali enterrados.
O interesse dos arqueólogos por esse local não conheceria doravante qualquer quebra, já que são muitos os mistérios a ele associados. A começar pela existência ou não de Jesus Cristo!
Na origem deste interesse há a lenda: os jarros tinham sido descobertos por pastores beduínos, que encaminhavam os seus animais para um oásis ali próximo e haviam atirado pedras para dentro de uma gruta. Ao som dos potes a partirem-se, tinham-lhes crescido esperanças de haver por ali ouro ou prata.
Para seu desconsolo só existiam esses rolos de tecidos cobertos por caracteres e esses rolos de cobre, que se apressaram a vender a um cristão sírio por cerca de 5 dólares.
Até chegarem a arqueólogos dotados de conhecimentos adequados para analisarem esses achados, os manuscritos e os rolos ainda andariam por muitas mãos, incluindo as do metropolita de Jerusalém, Samuel, também ele desiludido com os resultados do negócio por ele previsto para tais antiguidades.
Uma das primeiras hipóteses formuladas pelos estudiosos foi a de se tratarem do labor de uma seita, a dos Essénios, que entre 150 a.C. e 68 d.C. tinham seguido o antigo sacerdote do Templo para o deserto e aí haviam fundado um mosteiro inteiramente vocacionado para o registo dos livros sagrados. Na previsão de um iminente Apocalipse, eles tinham mostrado uma incrível tenacidade nesse propósito, vivendo numa comunidade exclusivamente masculina, praticante de uma certa forma de comunismo primitivo ao eliminar o conceito da propriedade privada em favor de uma distribuição equitativa dos parcos recursos garantidos por uma incipiente actividade agrícola e de pastoreio…
Deles fala Flávio José, um dos mais importantes historiadores da época, que descreve a sua obsessão pela Justiça e pelo temor a Javé.
Mas os mais recentes estudos sobre Qumran põem em causa essa teoria: em vez de um deserto inóspito, aquela região era verdejante e muito activa nas trocas comerciais. Por outro lado, o cemitério aí descoberto revela a existência de esqueletos femininos, o que contraria a tese de serem exclusivamente Essénios os seus habitantes.
O estado da investigação sobre Qumran tende, pois, a formular mais perguntas do que respostas: esse local prestar-se-á a contínuas especulações, até esotéricas, sobre quem ali viveu há dois mil anos...

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