quarta-feira, setembro 14, 2005

ADÍLIA LOPES: O MERGULHO NUMA ÉPOCA DE DÚVIDAS.

Aos 44 anos, esta poetisa considera que os poemas constituem um escudo invisível contra o exterior. Dizendo: «aquilo que os outros troçam em nós, é o que mais temos de preservar!»
Há quem a designe «Luís Pacheco de saias», o que é por ela considerado um verdadeiro piropo… Embora exclua intuitos provocatórios na sua poesia.
«Caras Baratas» é o título da sua antologia, que reflecte uma metáfora sobre este tempo de consumismo acelerado, de rostos a metamorfosearem-se em sucessivas operações plásticas. O que é natural em quem gosta de mostrar um certo sentido de humor…
Eduardo Prado Coelho classificara de ostensivamente não literário este pseudónimo, que Maria José escolheria, em 1983, para identificar a autoria do seu livro. Numa altura em que ela se esforçara por controlar todos os aspectos desse título. Acabando por se colar mais
facilmente ao seu pseudónimo, do que ao seu nome de bilhete de identidade.
A escolha dessa identidade alternativa foi subjacente a uma terrível depressão - em 1981 - quando vivia numa casa familiar pejada de pessoas velhas, que lhe impediam qualquer oportunidade de concentração, e sem quaisquer amigos…
O primeiro livro chamava-se «Um Jogo muito perigoso», que explicitava a correlação da vida com os seus riscos consequentes… E com a linguagem a traduzir parte da sua biografia, mas com algum distanciamento…
Passados vinte anos, sente-se à vontade na sua exposição pública através da televisão, apesar de não considerar que estar frequentemente a aparecer nesse meio de comunicação não é vida para si. Razão de ter colocado um travão nessa fugaz sujeição aos media.
Mas, nesta época de impasse, a sua própria escrita conhece uma paragem para reflectir. E decidir os rumos, que se seguirão...

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