quinta-feira, setembro 15, 2005

UMA DIREITA TEMEROSA DA VONTADE DO POVO EXPRESSA EM VOTOS

Querem-nos fazer crer, que a vontade do povo é soberana. Por isso se vota. Para se escolherem os nossos representantes nos órgãos de soberania definindo as políticas a implementar em todos os aspectos da vida social.
O respeito por essa vontade deveria ser um dos paradigmas inquestionáveis dos nossos deputados e governantes. Por ser a expressão legítima da Democracia em que se fundamenta a nossa Constituição.
Ora, nos últimos dias, a direita tem dado um espectáculo deveras degradante de contestação desses princípios elementares ao levantar todos os obstáculos a uma consulta popular sobre a despenalização do aborto.
Esquecendo sequer que a esquerda no seu pleno quase absoluto defende a revisão da retrógrada legislação ainda existente nessa matéria e a poderia - com toda a legitimidade - revogá-la na Assembleia com o voto conjugado da maioria dos seus deputados, a direita quer atrasar esse momento de aproximação civilizacional da legislação portuguesa com a que, há muito, se implementou nos países mais desenvolvidos.
Para tal quer impedir o referendo, que levará o povo a expressar-se, ditando a sua vontade aos legisladores. Invocando argumentos formais, que não conseguem omitir o essencial: a direita tem medo de ir a votos. Porque sabe que ainda está presa aos mais vetustos preconceitos, aqueles que a maioria dos portugueses quer ver erradicados dos seus quotidianos por constituírem a expressão de um atraso cultural e social totalmente desfasado da sociedade avançada para que tendemos.
Em prol das mulheres, que arriscam a vida em abortos clandestinos, é urgente acabar com o escândalo dessa legislação caduca. Mesmo contra a vontade de quem privilegia eventuais sensações de amálgamas de células ao sofrimento de quem se vê ameaçado de prisão e julgamento pelo exercício elementar do direito a uma paternidade responsável, porque desejada…

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