sexta-feira, agosto 12, 2016

(L) Henry James e a geometria do absurdo

Há geometrias variáveis nos rumos tomados pelos personagens de Henry James. Nuns casos há planos paralelos graças aos quais eles evitam encontrar-se ou movimentos contrastados como os que se verificam em «The Way it Come» (1896). Mas há maior complexidade  em «Washington Square» (1881) em que uns avançam à medida que outros recuam ou em que os seres alimentam-se uns dos outros, tal qual sucede em «The Sacred Fount» (1901) em que uma mulher rouba a juventude ao conjugue.
Existe uma cruel simetria em «Pelo Olhos de Maisie» («What Maisie Knew» (1897), quando uma rapariguinha cujos pais se divorciam, consegue ver aumentadas as possibilidades de receber ternura, quando eles voltam a casar com outras personagens e se ligam a ela mais fortemente do que antes. Trata-se, porém, de uma abundância ilusória, porque nunca capaz de a libertar da sua enorme solidão. Dessa vã multiplicação, entre idas e voltas de um para outro, nasce o sentimento do absurdo, do vazio, que nenhuma riqueza material ou afetiva consegue compensar.

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