quinta-feira, agosto 04, 2016

(E) O que nunca se saberá (2)

Na edição do mês passado da «Science et Vie» abordavam-se dez questões para as quais nunca se encontrarão respostas satisfatórias do ponto de vista científico. Em 29 de julho abordámos cinco delas, tendo ficado as remanescentes, que aqui rastreamos.
Nunca saberemos em que universo vivemos
Mesmo nas noites mais luminosas e desprovidas de poluição luminosa nunca conseguiremos ver mais do que 4500 estrelas. A nossa visão não tem poder para alcançar mais.
Os melhores telescópios conseguem apanhar 15 milhões, mas a maioria das estrelas ser-nos-ão sempre invisíveis, porque vivemos num Universo de que desconhecemos quase tudo quanto nele existe.
Cálculos científicos apontam para uma dimensão trezentas vezes maior do que a sua componente observável o que equivaleria a 1025 estrelas. A grande maioria delas está tão distante que, atendendo à velocidade da luz e à expansão do Universo nunca chegarão até nós através do seu brilho ancestral.
Nunca saberemos o que é um eletrão
O que define um eletrão é a sua carga elétrica, a massa, o momento magnético e o seu tempo de vida, mas não o conseguimos captar no que ele efetivamente é: só vislumbramos o rasto do seu movimento a exemplo do que os aviões costumam deixar nos céus. Ele mais não é do que uma curva num gráfico ou alguns números num quadro sem nada constituírem de concreto.
Nunca conheceremos o genoma do T. Rex
O tempo causa uma degradação entrópica de todas as coisas, incluindo o ADN de qualquer ser vivo. Como qualquer outra estrutura ordenada ele sofre ataques químicos, biológicos e físicos, que destroem a longa molécula informativa.
Uma célula viva sofre mais de dez mil mutações diárias por causa dos agentes químicos ou das radiações, valendo-lhes a operacionalidade dos mecanismos que a reparam para que preserve a sua função.
Com a morte surge o caos: as sequências de ADN vão-se cindindo em fragmentos cada vez mais pequenos enquanto igualmente sucedem outros danos colaterais. Por isso é utópica a hipótese cinematográfica de resgatar a mínima informação de um ADN que tenha existido há 66 milhões de anos.
Nunca se compreenderão muitos porquês
 Exemplos: porque andam os planetas em torno do Sol? Porque é azul a cor do céu? Mesmo que encontrássemos na teoria das cordas a explicação para tudo quanto a Física desconhece, seria possível traduzi-lo matematicamente? Não se abririam novas questões insolúveis no imediato?
Nunca saberemos porque existe algo em vez do nada, havendo sempre razão para perguntar «porquê».
Nunca saberemos se vivemos dentro ou fora da Terra
Se analisarmos o nosso Universo numa perspetiva geométrica diferente aceitando que tudo quanto existe à superfície da Terra (oceanos, montanhas, cidades) não muda de sítio, mas de orientação, teríamos o céu no centro do planeta assim como todos os corpos celestes. Estaríamos no mundo côncavo do genérico da «Guerra dos Tronos»
Numa outra Física um objeto seria tanto mais pequeno quanto mais distante se revelasse,  O Sol mediria na realidade 2,6 metros e as estrelas reduzir-se-iam a dimensões microscópicas. Isso obrigar-nos-ia a rever todas as Leis que conhecemos atualmente na Física.

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