quinta-feira, agosto 11, 2005

RONI HORN, A ARTISTA EM FUGA



A sua base é o desenho. Que a leva à descoberta. E lhe dá o mote aos trabalhos fotográficos. Feitos de múltiplas imagens que, só na sua complexidade, lhe dão sentido.
De início ela começara por fotografar paisagens islandesas, quase despojadas de indícios da presença humana. Nesses sítios aonde se permitiu sentir-se mais ela própria…
Ela descobre nesse país setentrional, que a própria meteorologia define a percepção das coisas. Que dependem totalmente da luminosidade existente.
Essa descoberta constitui uma ruptura com a sua condição de materialista norte-americana. Porque existe uma realidade para além daquilo, que se consegue ver… Como, por exemplo, essa linha imaginária do Círculo Polar Árctico, que ela fotografa através dessa imagem de um mar de múltiplos matizes desenhados pela sua mistura de gelo e água… Umas vezes limpo até à linha do horizonte, outras vezes meio enevoado pela presença da neblina…
Nessa altura os acontecimentos circulares e cíclicos passam a ser o leitmotiv do seu trabalho… Através de uma instalação de 46 imagens não só sobre essas paragens boreais, mas também sobre um casal aí a residir.
Mas outros temas a aguardam depois. Como o desse edifício dos anos 20 convertido em piscina pública e cujo arquitecto deveria ser um apreciador de xadrez.
Ou os retratos de amigos e conhecidos, que ela capta em momentos significativos das suas vidas.
Aos cinquenta anos Roni Horn define-se como uma artista em fuga, receosa de ser descoberta...

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