segunda-feira, fevereiro 11, 2019

(DIM) «A Mulher na Lua» de Fritz Lang (1929)


Em 15 de outubro deste ano cumprir-se-ão noventa anos sobre a data da estreia do último filme mudo de Fritz Lang e considerado um dos primeiros conotados com os temas da ficção científica. «A Mulher na Lua» era uma adaptação de um romance de Thea von Harbou com quem Lang estava casado, mas de quem se viria a separar por motivos políticos: quando, em 1933, escolheu o exílio para não colaborar com o regime nazi, ela decidiu o contrário.
O filme tem na parte final o seu interesse maior por comportar uma viagem de um conjunto de astronautas à Lua motivados por razões divergentes: há quem persiga objetivos estritamente científicos (o professor Mannfeldt), industriais (Helius e Windegger), amorosos (Friede), aventureiros (Gustav) e, sobretudo, crapulosos (Turner).
O confronto mais agudo ocorrerá entre quem busca o aumento do conhecimento científico ou tecnológico, e os gananciosos capitalistas que, perante a possibilidade de existirem grandes jazidas de ouro na Lua, querem delas apossar-se em benefício próprio. Obviamente que, no final, o vilão acaba morto e o amor prevalece entre quem se descobre a ele rendido.
Embora haja muita ingenuidade no desenvolvimento da estória - a começar pelo facto de se poder respirar na Lua sem a ajuda de qualquer suporte de apoio - o filme contou com Hermann Oberth como consultor, ou seja com um dos nomes incontornáveis, quando se referenciam os pioneiros da era espacial. Explicam-se assim algumas das inovações depois utilizadas, quando de Cape Canaveral ou de Baikonur começaram a ser lançadas as primeiras sondas espaciais: a contagem regressiva de dez até zero; a utilização de um poço de água na plataforma de lançamento para uma mais rápida dissipação do calor dos gases de evacuação dos foguetões; a divisão da nave espacial em três módulos, dois dos quais vão sendo descartados, quando consumido todo o combustível neles armazenado; a opção pela posição horizontal dos astronautas na descolagem para melhor absorverem os efeitos da velocidade e da pressão.
A partir de 1933 o filme seria proibido na Alemanha nazi por haver claras semelhanças entre o foguetão do filme e o projeto desenvolvido por Werner von Braun, e os mísseis V2, que tanto terror semearam em Londres no final da Segunda Guerra Mundial.

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