sábado, fevereiro 16, 2019

(DIM) «Casais em todos os andares» de Jan Georg Schütte (2016)


Que a vida a dois não é nada fácil, quer demonstrá-lo o realizador deste filme, rodado em apenas quarenta e oito horas graças a utilização simultânea de vinte e uma câmaras.
A ideia da história é simples: a fim de voltarem a dar um impulso à esfriada relação conjugal,  cinco casais alojam-se num hotel de charme durante um fim de semana. Além do ambiente descontraído espera-os algumas consultas com terapeutas familiares, que tentarão diluir-lhes as insatisfações acumuladas na partilha de vivenciares e de expetativas.
Neles há os que estão á beira do divórcio e os que parecem viver na maior das harmonias, embora não os distinga particularmente a qualidade da relação amorosa, porque em todas verificam-se sentimentos de frustração e de incompreensão. Há quem, em vão, deseje ter filhos, os que sofrem com os problemas de ereção e os que foram infiéis ou se viram traídos. As máscaras vão caindo, as portas vão batendo com violência até à pergunta incómoda: se começasse tudo de novo escolheria o mesmo parceiro?
Ambíguo nos propósitos o filme ignora que o desejo de felicidade é universal e dificilmente se encontra melhor autoestrada para o concretizar, que o da cumplicidade plena entre duas pessoas decididas a inventarem todos os dias o Amor com carácter de urgência. E, como o demonstrava o célebre poema de Daniel Filipe há lá coisa mais subversiva, que tanto assuste as ditaduras do pensamento!

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