quinta-feira, maio 18, 2017

(DIM) A abstração como interação da pintura com o cinema

Um dos menos conhecidos, mas mais significativos movimentos estéticos do século XX, foi a criação do «Absolute Film» por Hans Richter, Walter Ruttman e Oskar Fischinger na Alemanha dos anos vinte.
Inicialmente motivados pelas Fugas e pelos Concertos Brandeburgueses de Bach - que não se poderiam associar a quaisquer efabulações ou danças populares -, constituindo-se em música no estado puro, pretendiam traduzir em imagens cinematográficas o que o abstracionismo começava a conceptualizar na pintura, nomeadamente através de Wassily Kandinsky.
A ideia era criar pinturas em tempo real, que nada sugerissem da realidade. Nesse sentido seriam inegáveis precursores do movimento surrealista, havendo evidente similitude da obra de Man Ray, quer  na estética, quer nas intenções.
O momento culminante desta escola aconteceu em 1925 com a 1ª Mostra Internacional de Cinema de Avant Garde em Berlim, cujo sucesso justificaria a maior ambição dos participantes quanto à dimensão dos seus filmes, então ainda cingidos à pequena dimensão da curta-metragem. O próprio surgimento do cinema sonoro e a cores possibilitaria uma ainda maior abrangência de tais propósitos ao grande ecrã.
Fischinger daria o salto para Hollywood e influenciaria alguns filmes da Disney, como se comprova nalgumas cenas de «Pinóquio» e, sobretudo, em «Fantasia», onde a música de Bach legitimaria tal crédito.
Um bom exemplo, mesmo que tardio, do «Absolute Film», é este «Motion Painting number One», de 1947, em que quase se parece pintar um quadro na tela ao som com terceiro Concerto Brandeburguês.


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