sábado, janeiro 14, 2017

(DIM) «A Origem» de Christopher Nolan

De que matérias evanescentes são feitos os nossos sonhos? Serão apenas reflexos dos nossos recalcamentos como pretendia Freud ou neles se acolhem formulações de angústias e ambições, para cuja resolução procuramos as mais adequadas respostas?
Os cientistas têm andado à procura de respostas, analisando o funcionamento do cérebro, quando estamos a dormir, mas as hipóteses são muitas mais do que as teses definitivas sobre o verdadeiro significado das várias fases por que passamos durante o sono.
Em 2010 não sentira qualquer pulsão para ver «Origem», o filme de Christopher Nolan sobre a capacidade de induzir pensamentos ou comportamentos aproveitando-lhes as fragilidades defensivas inerentes a estarem a dormir. Se o sono me preocupava era o real, o de todos os dias, porque ainda não me reformara e os dias de trabalho obrigavam-me a saltar da cama em horário hoje impensável de respeitar.
Apesar de ter um tema interessante reconhecia ao realizador o defeito a mim assacado por quem melhor me conhece: para se ir de um sitio a outro, desprezam-se os atalhos, optando-se pelo percurso mais complicado.  Uma coisa é ser assim, outra é aturar esse tipo de comportamento alheio.
Acontece que agora se proporcionou conhecer o filme e confirmar o que dele esperava: confuso, apesar dos personagens estarem constantemente a quererem-nos fazer o desenho do entretanto ocorrido; entediante apesar do foguetório de perseguições, explosões e tiros.
Como se se tratasse de Dante a tomar Vergílio como guia para conhecer os vários círculos do Inferno, também aqui somos convidados a passar do primeiro para o segundo nível dos sonhos, tudo se definindo no terceiro, aquele de onde seria mais difícil regressar.
No final temos um happy end com o protagonista a reencontrar os filhos, que perdera durante tempo demais, por lhe ser assacada a culpa de uma morte - a da mulher legítima! - de que ele, efetivamente, se sentia responsável.

 

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