sexta-feira, outubro 21, 2016

(V) «Zona Proibida» de William Dieterle

Em 1948 os estúdios de Hollywood olhavam para o passado recente e ansiavam por encontrar nele as estratégias para replicarem os maiores sucessos de bilheteira.
«Casablanca» já era considerado um dos melhores filmes dessa década, e por isso surgiu a ideia de quase lhe tratar de um remake com alguns dos atores, que nele tinham brilhado como Claude Rains, Paul Henreid ou Peter Lorre. Apenas Bogart e Bergman seriam substituídos por Burt Lancaster e Corinne Calvet respetivamente.
Em vez de se passar no topo de África, a história do filme é transitada para o cone sul, numa pequena povoação mineira chamada Diamandstadt. É aí que reina de forma severamente ditatorial o chefe da polícia da concessão, esse Paul Vogel apostado em impedir a mínima fuga das valiosas pedras da comercialização legal conduzida pela empresa de que é funcionário.
Entre ele e o administrador Martingale existe mútua antipatia, mas são obrigados a conjugarem-se de acordo com o superior interesse dos acionistas.
É nesse contexto que ali regressa Mike Davis: dois anos antes ele exercia aí o mister de guia para caçadores, mas um deles apenas estava interessado em entrar na zona proibida para aí procurar as pedras, que lhe permitissem enriquecer.
Davis dá com ele já exangue junto a uma pequena encosta onde, com a sorte dos principiantes, conseguira encontrar um filão.
Sem cavalos para voltarem a atravessar o deserto, Davis disfarça a escavação e dispõe-se a percorrer os muitos quilómetros de  regresso a Diamandstadt com o cliente moribundo às costas.
Ao ser capturado pelos soldados de Vogel, Davis é sujeito a uma tremendíssima sova que o deixa quase à morte. Mas, e aqui é a primeira falha do argumento, nunca o veremos a ele ou ao cliente a confessarem ter encontrado uma fortuna diamantífera. No entanto ninguém acredita que o seu regresso ali, depois de ter passado um par de anos noutras cidades sul-africanas, não tenha por motivo a recuperação da fortuna.
Entra então em cena a alternadeira Suzanne, que Martingale resolvera trazer da Cidade do Cabo para conseguir de Davis a localização do filão. E cria-se assim o triângulo amoroso, com Vogel a querer casar com ela e Davis a impedi-lo de a violar.
Quando consegue furar a vigilância de que é alvo e recuperar o tesouro, fugindo com ele para Angola, Davis vê-se na contingência de regressar porque Vogel chantageia-o mediante a inculpação de Suzanne por um crime por ele próprio cometido e que a poderá levar ao cadafalso.
Tal como em «Casablanca» Claude Rains era o colaboracionista, que virava a casaca no momento oportuno em que pressentia a derrota nazi e ajudava Bogart a pôr Henreid e Ingrid Bergman no avião para Lisboa, também aqui é ele quem propicia a morte de Vogel (Henreid, que passa de herói a vilão entre um filme e o outro!) e a fuga em segurança para Lancaster e Corinne Calvet. Que em vez de apanharem um avião, despedem-se dele a bordo de um navio, que larga de um cais.
O resultado artístico e de bilheteira não foi brilhante, já que o público terá preferido o original à cópia. Por isso este «Rope of Sand» ficou esquecido nas bolorentas prateleiras das cinematecas.


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