quinta-feira, outubro 13, 2016

(V) A extinção dos palhaços

Falando de classes profissionais, que tendem a desaparecer, já começam a ser recorrentes as notícias de palhaços, que surgem ameaçadores nos espaços públicos, empunhando facas e recordando filmes de terror onde haviam sido escolhidos como paradigmas dos mauzões das histórias.
Se recordarmos o palhaço dos Simpsons ou as histórias de Stephen King compreendemos que a profunda alteração da forma de olhar para esses artistas de circo já há muito anda a ser fomentada nas séries televisivas e no cinema.
Da primeira vez, que li tal história, atribui-a a um mito urbano ou a uma brincadeira macabra. O pior é ela ter atravessado o Atlântico e haver cópias a despontarem na Europa, quer no Reino Unido, quer na Holanda (e bem se compreende não achar piada nenhuma que isto suceda neste último caso!).
As teorias sobre esta moda estúpida já são muitas e uma a não descurar é a de se tratar de uma estratégia de marketing, porque prepara-se para o ano a estreia de um filme sobre algo de parecido. Mas o mais estranho em tudo isto é o facto de os psicólogos andarem a concluir que, ao contrário das gerações mais antigas - predispostas e verem nos palhaços quem lhes vinha trazer motivos para rir! - as mais jovens reagem de forma completamente diferente. É que, estando a desaparecer gradualmente, os circos tradicionais eles deixaram de ter o papel de entretenimento do passado, e as novas gerações desconhecem as características estereotipadas desses artistas, que lhes deixaram de ser comuns. 
Se dantes, ao surgirem os palhaços no redondel, havia logo a predisposição pavloviana para começar a rasgar na boca um sorriso, na expetativa de se lhe virem a suceder francas gargalhadas, os jovens de hoje olham-nos com estranheza e desconfiança e as suas piadas estafadas já são vistas como algo de anacrónico, de incompreensível.
Conclui-se, pois que, num mundo em mudança todas as artes e profissões estão a ser postas em causa. Até mesmo os palhaços, que servem agora para alguns tolos causarem medo nas ruas mais solitárias das grandes cidades do presente.


(Taylan Soyturk)

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