No século XVI os Médici eram os donos incontestados da Toscânia e influenciavam todas as cortes europeias graças a uma hábil política matrimonial.
Catarina de Médicis tornou-se na esposa do futuro rei francês Henrique II, na mesma altura em que Cosme foi coroado duque de Florença em 1537.
O poder da família está no seu auge mas, ávidos de poder, os seus membros irão perder-se em querelas impiedosas.
A cripta da Igreja de São Lourenço abriga quarenta e nove túmulos, muitos dos quais anónimos. Terão sido Médicis caídos no esquecimento ou a quem se tenha pretendido apagar da história familiar?
Graças às técnicas da polícia científica, historiadores e bio arqueólogos reconstituem a história movimentada dos domnatio memoriae, ou seja, dos banidos da memória.
Três dos filhos de Cosme terão ficado mais conhecidos na História. A filha favorita, Isabella, era culta, poliglota, música e mecenas, merecendo uma assinalável liberdade em relação ao que eram os costumes do seu tempo e para escândalo dos irmãos: Francisco, o primogénito e sucessor do pai, e Ferdinando, o mais novo, que, enquanto cardeal velava pelos interesses da família na corte pontifícia.
Com a morte de Cosme em 1574 tudo muda: quando a brilhante Isabella morre dois anos depois, ela é esquecida e o seu cadáver desaparece.
Terá sido por acidente ou por crime urdido pelo marido ciumento e pelos seus invejosos irmãos? A análise do ADN e a reconstituição facial permitirão identificar os restos mortais, até então, anónimos, de uma mulher de cerca de trinta anos, encontrados na cripta.
Em 1578 o duque Francisco, que sucedera ao pai e governara Florença com mão-de-ferro, enviúva de Joana de Áustria, quando esta vivia o parto do seu oitavo filho. Ocasião que, para grande escândalo dos Habsburgos com quem por casamento, selara importante aliança, ele aproveita para casar com a amante, a veneziana Bianca Cappello.
Em 1587 o casal morre, supostamente de malária, e com poucas horas de intervalo. O ambicioso Ferdinando torna-se no grande duque da Toscânia, sucedendo ao irmão, em cuja morte, dizem os rumores, terá intervindo mediante a aplicação de um eficaz veneno.
Para resolver o enigma os investigadores seguem duas pistas: a análise toxicológica dos pelos da barba encontrados no sarcófago de Francisco e a busca pelo corpo de Bianca, que fora enterrada longe do esposo e cujos restos só foram encontrados quatro séculos mais tarde...
Nota - texto decorrente do documentário homónimo assinado por Judith Voelker e Alexander Hogh (2012)
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