Num país onde o governo de passos coelho reduziu a zero os apoios à produção cinematográfica - naquela que é uma das mais esclarecedoras demonstrações da forma como a Direita olha para a cultura! - tem sido admirável o esforço da organização do Festival de Vila do Conde em financiar anualmente um projeto relacionado com a sua região.
Há dois anos fora contemplado João Canijo que, com «É o Amor», mostrou o quotidiano das mulheres dos pescadores de Caxinas pelo olhar cúmplice da atriz Anabela Moreira. No ano transato foi a comunidade de pescadores de Vila Chã aonde Glória é a última representante de sucessivas gerações de mulheres que ganharam o sustento no mar. Eram as “pescadeiras”, que não se sabe bem como surgiram, mas que foram muitas dezenas quando, em vez dos atuais nove barcos dedicados à faina, saíam desse porto natural mais de cem.
Gonçalo Tocha, que já nos dera a conhecer o quotidiano dos habitantes da ilha do Corvo («É na Terra, não é na Lua»), repetiu o seu modo de traduzir em filme uma realidade relacionada com o mar, captando muitos testemunhos depois estruturados em laboriosa montagem.
Fica assim um documento cinematográfico de inestimável valor sobre uma atividade, que os governos de cavaco silva trataram de acelerar na sua irreversível decadência.
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