sábado, maio 03, 2008

WEBER, BRUCH E SCHUMANN NA GILBENKIAN

Concerto na Gulbenkian no âmbito da temporada de Música 2007/2008.
Desta feita a liderança da orquestra coube a Fábio Luisi, maestro extremamente competente e expressivo, que é titular de instituições tão significativas quanto o são a Sächsische Staatsoper e a Staatskapelle Dresden e tem colaborado noutras como a Sinfónica de Viena ou a Metropolitan de Nova Iorque.
Em Bayreuth dirigiu em 2007 a Tannhäuser de Wagner.
A impressão, que me deixou, foi a de um conhecimento aprofundado das peças, que dirige, dando muitas orientações aos instrumentistas com uma gestualidade exuberante,
A primeira peça a ser tocada foi a abertura da ópera «Oberon», que Carl Maria von Weber compôs para ser estreada no ano em que morreria (1826). Ainda que sem surpreender, é uma composição vibrante, com a trompa a ganhar destaque, ou não tivesse o protagonista da ópera (e da peça de Shakespeare em que se baseia o libreto) um desses instrumentos com características mágicas.
Seguiu-se, depois, o conhecido Concerto para Violino e Orquestra nº 1 em sol menor. Opus 26, de Max Bruch.
O compositor alemão teve uma vida bastante longa, morrendo em 1910, já com 76 anos. O que o torna no paradigma do criador conservador, avesso às novas sonoridades então ensaiadas por um Wagner ou por um Mahler.
Mas a interpretação da jovem violinista Arabella Steinbacher permitiu depreender que estávamos perante a oportunidade única de presenciar aquela que promete ser uma das grandes solistas desse instrumento nos próximos anos: não se tratou de mera competência, mas de uma clara assumpção íntima da partitura, vivendo-a com uma emotividade genuína. O seu sucesso junto dos espectadores foi tal, que propiciou um excelente encore, que apenas veio realçar o seu inegável virtuosismo.
Finalmente, depois do intervalo, foi a 3ª Sinfonia de Schumann, a Renana.
Também sobre este compositor confesso o meu escasso entusiasmo: ao contrário de outros criadores da mesma época (1ª metade do século XVIII), Schumann não me consegue impressionar. Apesar da magnificência de uma pauta, que exige um grande empenhamento de toda a orquestra, e leva a sonoridade da sala a um número muito apreciável de décibeis, mesmo quando o andamento se reivindica de solene ou de muito moderado. Mas a direcção exaltada de Luisi e a capacidade da orquestra dissipa quaisquer preconceitos.
Acabou por constituir um excelente concerto para coroar uma semana hiperactiva.

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