Maio costuma ser mês dos livros ou não seja aquele em que abre a Feira a eles dedicada no Parque Eduardo VII.
Uma das pequenas editoras, que aí se estreará este ano será a de Nelson de Matos, que funciona como uma espécie de D. Quixote numa paisagem subitamente alterada pela chegada de quem encara o livro como uma mera mercadoria feita para ser rentabilizada e dar lucro aos accionistas. A edição como amor aos livros ou acto de militância destinado a abrir asas à imaginação e a à compreensão do mundo é algo de cada vez mais raro, que importa encarar como esforços a apoiar.
De uma entrevista já com alguns dias, retirei dois comentários desse editor, que ajuda a situar um pouco melhor como vai o mundo editorial em Portugal.
Num deles, Nelson de Matos explica como vê hoje os seus colegas, que publicam livros: Hoje os editores nem sequer lêem os textos. Na maior parte dos casos o título publica-se porque o autor tem um programa de televisão, é jornalista, é político , é tudo menos escritor. As exigências das organizações empresariais que hoje são as editoras já não se compadecem com esta situação.
Os livros não são, hoje, necessariamente, obra de e escritores. Neste mundo capitalista há que escrever depressa, publicar depressa, vender depressa. Nada a ver com o que é, ou deve ser, o ofício de escritor: Escrever tem que ser um trabalho. Os grandes pianistas, violinistas e até, se quiser, os futebolistas, aperfeiçoam todos os dias a sua técnica. Não digo que a escrita tenha que ser praticada diariamente, mas tem certamente que sê-lo permanentemente.
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