No canal ARTE deu uma reportagem sobre o problema, que se vive na Índia, aonde o desequilíbrio demográfico entre homens e mulheres se está a agudizar.
A ciência trouxe, através das ecografias, a possibilidade de identificar o sexo do bebé antes do nascimento. O que significa toda uma indústria abortiva de que são vítimas os fetos femininos. Porque ter uma filha é uma fonte de preocupação para uma família indiana: não só ela abandonará por completo a sua família no dia do casamento, como obriga ao custo de um dispendioso dote.
A reportagem mostra diversas estratégias ensaiadas por activistas antiaborto, que procuram sensibilizar as mulheres para não cederem a essa tendência cultural, ou a denunciarem os ginecologistas e parteiros, que ganham fortunas à conta do verdadeiro genocídio, que executam.
Para quem defende o direito ao aborto na sociedade ocidental, este tema deixa alguma inquietação, porque parece pôr em causa essa posição política. Mas há abortos e abortos…
E se, nas nossas sociedades, o aborto pode contribuir para a emancipação feminina, na Índia de hoje ele contribui activamente para a preservação do seu papel secundário numa sociedade aonde o homem dita as leis. O problema é que estes contam com um número cada vez menor de mulheres disponíveis para poderem casar e ganhar a respeitabilidade inerente a um chefe de família…
Daí que o discurso antifeticida de bebés femininos comece a abalar a misoginia dos machos locais.
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