quarta-feira, maio 21, 2008

FECHAR OS OLHOS PARA VER

Gauguin aconselhava a fechar os olhos, quando se quisesse realmente ver. E essa é uma regra, que pode ser seguida em muitas vertentes. Na realidade somos iludidos pelos nossos olhos, que nos sugerem realidades distintas das autênticas.
Porque estamos em Maio, e se comemoram os quarenta anos dos acontecimentos de Paris, vale a pena recordar como o «Le Monde» se equivocava ao olhar para a realidade francesa de então e anunciava «Os franceses aborrecem-se» e, logo de imediato, via a imaginação ganhar tal relevância nas ruas.
O que via aquele repórter estava completamente desfocado do verdadeiro sentimento de quem não tardaria a arrancar pedras da calçada para procurar a praia.
É o que pode estar a acontecer nesta altura: em aparência, deparamo-nos com um capitalismo avassalador, que não parece dar espaço a outro tipo de sociedade. E, no entanto, de repente, tudo pode mudar, graças aos preços do petróleo ou dos cereais, ou aos efeitos financeiros da avidez dos bancos norte-americanos pelo lucro.
Vale, pois, a pena seguir o conselho do pintor: porque não fechar os olhos e imaginar o quanto se torna urgente o advento de uma outra forma de existirmos?

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