quarta-feira, julho 18, 2007

SINAIS DE MUDANÇA

As eleições autárquicas de Lisboa ainda andam a suscitar alguns comentários curiosos nos jornais. Nos de hoje realço os de Leonel Moura no «Jornal de Negócios» e o de Domingos Amaral no «Diário Económico».
O primeiro comenta os bons resultados de Carmona Rodrigues e de Helena Roseta:
“A erupção deste tipo de candidatos Simplex e na hora é e será cada vez mais uma realidade da nossa democracia. Para tal bastando um ego muito inchado pela exposição mediática e um irrefreável desejo de poder e de protagonismo. Tanto mais que o povo adora espertos e malandrecos. Como se sabe, em Portugal, a inteligência é muito mal vista, ao invés da esperteza saloia que é tida em alta consideração.”
O segundo dobra finados pelo centro-direita em Portugal:
“ No presente, o centro-direita é uma tábua rasa. Não tem uma ideia de país, não tem uma estratégia para o futuro, e não tem qualquer tipo de credibilidade política. O que tem são egos. Egos que vagueiam por aí sem tino nem destino, como fantasmas de um filme de piratas ou leprosos que tocam a sineta afastando as gentes.”
Não deixa de ser curioso que, em ambas as análises, se reduza uma componente significativa do fenómeno político em Portugal - pelo menos o referente à direita e aos independentes - a egos inflamados.
É certo que o homem político é, por natureza, alguém à procura de afirmação. Existe algo de psicológico, se não mesmo de psicanalítico, nessa vontade de chegar à ribalta e pretenda fazer-se encontrado com os livros de História. Mas a política deve ser algo mais: deve pressupor uma estratégia de transformação das sociedades, buscando nelas a aproximação a uma qualquer forma de Utopia.
Pode-se não concordar com as características dessa sociedade ideal, mas ai do político que a não tenha em mente: limita-se a estar no cais aonde vê passar os comboios. Que não chegam a parar para o rebocar.
O político deve ser o condutor da locomotiva, não o passageiro que aguarda por ela. E, mal ou bem, o único a assumir essa vontade é o primeiro–ministro José Sócrates. Que haja quem o inveje e o tente abater - muitas vezes das formas mais inqualificáveis - por causa dessa visão de futuro é algo que explica o estado da Nação. Como de costume os críticos são os que não fazem, nem querem fazer...

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