terça-feira, julho 31, 2007

Patricia Reis: «A Cruz das Almas» (1)

A literatura portuguesa continua bem e recomenda-se. Se Saramago, Lobo Antunes ou Urbano Tavares Rodrigues já estão consagrados dentro e fora de portas, uma nova geração começa a despontar e a agarrar o testemunho, que Lídia Jorge ou Mário de Carvalho foram segurando enquanto veículos de transição para este novo fulgor.
José Luís Peixoto é, porventura, o mais óbvio sucessor dos nossos nobelizáveis efectivos ou potenciais. Mas outros autores da mesma geração vêm revelando-se com idêntica qualidade, apostados em demonstrar o quão bem pode ser recriada a língua portuguesa.
Patrícia Reis ainda não é uma certeza, mas já merece ser observada no muito que promete. Este «Cruz das Almas» teria matéria para maior ambição, mas a escritora não arriscou muito nesta primeira tentativa mais séria de arriscar um romance com título na capa e o seu nome a por ele se responsabilizar. Por isso as frases curtas, ainda que muito cuidadas, e uma história sobre diversas gerações de uma família de província, que desenvolve pela via mais fácil: dividi-la em tantas partes, quanto as personagens principais, mesmo que buscando-lhes a representação através de estilos distintos.
Lê-se num ápice, mas fica depois a sensação de sobrar aqui matéria para uma gesta bem mais aprofundada, que daria maior substância aos seus personagens.

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