quinta-feira, junho 25, 2020

(P) Canções de denúncia, não de protesto


A Mercedes Sosa é reconhecido o mesmo estatuto que a Miriam Makeba em África: voz do movimento do Nuevo Cancionero surgido em 1963 na cidade argentina de Mendoza, influenciou determinantemente toda a música popular do subcontinente nas décadas seguintes. Fazendo jus ao manifesto, que Armando Tejada Gomez, Matus, Tito Francia e outros subscreveram, reteve o que de melhor existia na música folclórica dos países andinos e dar-lhe-ia a substantiva força da poesia.
Na sua perspetiva o que fazia nada tinha a ver com a música de protesto. A expressão até a incomodava, atribuindo-a a gente de direita, que pretenderia desqualificar esse tipo de canções como se dessem prova de imaturidade juvenil. Por isso preferia música de denúncia, porque sempre preocupada com as desiguais realidades entre ricos e pobres.
Não admira que, quando fui à Argentina pouco depois de Raul Alfonsin tomar posse como primeiro presidente democrático após a feroz ditadura imposta pelos generais em 1976, a visse aí incensada como a expressão do fim do pesadelo.

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