segunda-feira, novembro 12, 2018

(S) E a violinista sorriu!


Das principais orquestras, que se exibem entre nós, a mais competente, aquela que garante qualidade irrepreensível, em condições acústicas ímpares, é a da Gulbenkian. A Sinfónica anda lá próxima, mas nem pensar em vê-la, quando perante ela saltita histericamente a dita maestrina Joana Carneiro. A Metropolitana também prima pela competência, acrescendo o excelente trabalho pedagógico, que lhe está associado. No entanto, aquela que mais aprecio é a liderada por Pedro Carneiro: a Orquestra de Câmara Portuguesa.  Não só pelo trabalho, igualmente, admirável na formação dos jovens músicos, mas sobretudo por lhes possibilitar a constatação de uma competência e de uma qualidade, que pede meças aos melhores.
Ver um concerto, como o de ontem à tarde no CCB, é motivo de grande satisfação, não só porque a execução das peças do programa foi excelente, mas sobretudo por sentir-se uma empatia entre o maestro e os elementos da orquestra, que não é comum nas salas de concerto. Pedro Carneiro escusa-se a brilhantismos e puxa pelos jovens, que ajuda a formar. Daí a oportunidade conferida a quatro dos jovens solistas, para que mostrassem o seu valor na execução da Sinfonia Concertante de Haydn. Sofia Ruivo, Pedro Capelão, Luís Cruz e António Andrade, não só cumpriram na perfeição o que lhes era pedido, como a jovem violinista brindou-nos com algo ainda mais peculiar num concerto: o sorriso jubilatório, perfeitamente compreensível face à natureza do desafio, mas também porque a peça em si, destinada à fruição dos melómanos ingleses, justificava essa reação.
A iniciar o espetáculo a obra de Karin Rehnqvist - «Breaking the Ice» - projetou-nos, enquanto espetadores, para a experiência da compositora, quando viajou pelos mares polares a bordo de um quebra-gelos, e a Sexta Sinfonia de Beethoven, com que se concluiu o programa, devolveu-nos aos sons da Natureza em conformidade com a outra designação por que é conhecida: a Pastoral.
Pena que a tarde fosse de mau tempo e a Antena 2 não tivesse dado a este concerto a publicidade, que mereceria. Para quanto ele nos agradou, teria merecido sala cheia em vez dos dois terços, que preencheram a plateia do Grande Auditório do CCB.



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