domingo, novembro 18, 2018

(DIM) Cinema Islandês: a capacidade de surpreender


Apesar de só contar com trezentos mil habitantes, a Islândia produz excelentes obras cinematográficas, nomeadamente, no segmento das curtas-metragens.
Realizado em 2016, «O Presente de Casamento» de Aron Por Leifsson consegue surpreender-nos pelo desenlace inesperado. Enquadrado na lógica dos road movies, acompanha Tina, Johann e Thelma na viagem de carro, que deveria conduzi-los a um casamento. A nora e a sogra detestam-se e a crise ganha maior dimensão, quando aquela descobre que a tão ambicionada máquina de costura não lhe será destinada, porque dispensada à cunhada, alvo dos elogios enfáticos da inimiga.
No fogo verbal cruzado entre as duas, Johann tenta contemporizar, mas em vão. E muito menos imagina vir a ser a vítima colateral da tragédia em que a animosidade das mulheres se converte.
«Gryla, a ogre» foi realizada por Tomas Heider Johannesson e inspirou-se numa figura mítica islandesa, que aparecia aos meninos mal comportados. Ora o realizador comparou esses ogres imaginários com os cobradores de dívidas, que ganham a vida a pressionar os caloteiros a cumprirem os compromissos.
No filme Kristensson é ameaçado por um capanga disposto a matá-lo porque fora dado como fiador do irmão. Quando o desenlace está para ocorrer, aparece o monstro vingador, que poupa a vítima do sequestro e parte em busca do agressor. Com sucesso, obviamente.
«Artun» de Gudmundur Arnar Gudmundsson (2014) aborda a descoberta da sexualidade de três adolescentes dos arrabaldes de Reiquiavique. Anseiam pelo primeiro beijo e exploram as potencialidades das raparigas da capital, em princípio a tudo dispostas por umas boas cigarradas. Embora o não queiram confessar, a iniciação carnal acaba por ser humilhante, muito diferente do que tinham imaginado.
Em qualquer dos três filmes uma constante: a beleza telúrica da paisagem.

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