sexta-feira, novembro 02, 2018

(DL) Adolescentes à solta pelas ruas de Nápoles


«Os Meninos da Camorra»  («La Paranza dei Bambini») foi publicado há dois anos, mas só agora lhe pude dar atenção, reencontrando a cidade italiana, que depois de Génova, mais feia conheci: Nápoles.
Criada como óbvio sucedâneo do famosíssimo «Gamorra», Roberto Saviano adota agora os adolescentes como protagonistas, não se revelando menos cruéis, quando metem na cabeça o desejo de dominarem o mercado de todas as traficâncias no seu bairro de Forcella. Logo no início do romance, Nicolas mostra o seu estilo de afirmação do poder ao mandar que os subordinados imobilizem as mãos, os pés e a cabeça do pobre Renatino para que lhe defeque na boca e nos olhos como castigo por ele se ter atrevido a pôr likes na página de facebook da namorada. A partir daí  os episódios de violência sucedem-se uns aos outros, apenas interrompidos pelas idas aos centros comerciais para admirar e comprar as tão adoradas sapatilhas de marca.
Sem  escrúpulos quanto a apertarem o gatilho, e sem ilusões quanto a virem a usufruir de uma vida longa, os membros do gangue de Nicolas percorrem as ruas nas motorizadas fazendo valer a sua ostensiva presença, inconscientes da óbvia conclusão de pertencerem a uma geração perdida, que paga com o sangue aquele que não hesitou anteriormente em fazer derramar.
No fim da leitura só posso confirmar a antipatia, que senti pela cidade à beira do Vesúvio, quando a visitei. Cidade suja e corrompida, equivale a um tipo de espaço a evitar...

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