domingo, novembro 25, 2018

(DIM) «O Abismo» de James Cameron (1989)


Deve-se muito provavelmente a defeito profissional, que os filmes passados no alto mar me mereçam particular atenção, sobretudo se são irrepreensíveis na construção como é o caso deste filme que James Cameron rodou há quase trinta anos. Mas mesmo sem a grata experiência de ter passado muitos dias de anos idos a olhar para o horizonte e só nele vislumbrar céu e água, o fascínio adolescente na leitura das aventuras de Aronnax e seus amigos no submarino do capitão Nemo também funcionaria como estímulo bastante para muito me agradar esta história sobre a operação de salvamento de um submarino nuclear afundado nas Caraíbas após uma colisão, e confrontada com o mais inesperado dos encontros.
Porque um argumento sem o contraponto dos amores e desamores ficaria algo coxo, Cameron arranjou um casal, Bud e Lindsey, já com o divórcio em curso, mas obrigados a cúmplice empenho para melhor cumprirem a missão de que se viram incumbidos. Ed Harris e Mary Elizabeth Mastrantonio terão tido aqui desempenhos dos que de melhor lhes recordamos nas respetivas filmografias.
As quase três horas da versão do «director’s cut» são pura fruição, entre a ficção científica e o filme catástrofe, com efeitos especiais mais do que credíveis e uma fotografia com momentos de sublime poesia.
Não fosse o péssimo costume francês de dobrarem os filmes, seria proposta incontornável na programação desta noite no canal ARTE. Como tal opção se revela quase sempre indigesta fica a evocação de um filme a que, amiúde, gosto de regressar.

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