quarta-feira, novembro 21, 2018

(DIM) Monica Vitti, Antonioni, Michael Cimino e Mai Zetterling na Cinemateca

Se Monica Vitti seria um dos rostos icónicos da década de 60 muito o deveu a «L’Avventura», o filme de Michelangelo Antonioni, que a  Cinemateca exibe esta tarde no âmbito do ciclo  «70 Anos, 70 filmes».
A arte cinematográfica estava, então, a conhecer uma profunda alteração com novos autores a virarem costas à forma como ela fora entendida até então. Antonioni surge, pois, como contemporâneo dos críticos dos «Cahiers du Cinéma», que  dariam expressão ao termo «nouvelle vague».
«L’Avventura» é o primeiro de três títulos dedicados por Antonioni ao tema da alienação, incidindo a atenção sobre a burguesia italiana, que deixara a guerra para trás e pretendia impor valores em contraponto com uma classe disposta a bater-se por uma realidade completamente diversa. Fútil nas preocupações, entediada no desbaratar dos dias, ela é ilustrada por esse grupo de jovens ocupados em divertirem-se num cruzeiro pelo Mediterrâneo, mas sobressaltados com o desaparecimento de Claudia numa das ilhas, que lhes serviam de escala.
Integrado no mesmo ciclo surge à noite um filme, de que não gostei na altura e que dificilmente apreciarei se o voltar a ver: «O Caçador» de Michael Cimino. Era uma viagem ao inferno percorrida por jovens operários saídos das recônditas montanhas da Pensilvânia, onde a caça aos veados lhes servia de diversão, e despejados na brutalidade da guerra na Indochina, quando a derrota se pressentia e as mentes se enovelavam em abreviados amanhãs à conta da roleta russa.
Jimmy Carter era o presidente e a ascensão reacionária, que Reagan viria a personificar logo a seguir, carecia deste tipo de mensageiros, que incitariam os norte-americanos a desejarem um salvador, que os viesse redimir do abismo para que os anunciavam condenados.
Ao final da tarde prossegue o ciclo dedicado à Cinemateca Sueca com «Amor em tons eróticos», um filme realizado por Mai Zetterling em 1964. Há quem o considere o melhor dos dezassete filmes assinados pela realizadora sueca, influenciada pelos mestres Bergman e Sjöberg, e que aqui põe três grávidas a evocarem as suas vidas sexuais.

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