quarta-feira, abril 26, 2017

(DIM) «Evereste» de Baltasar Kormakur (2015)

Se vivêssemos naqueles longínquos anos em que as televisões ainda eram a preto-e-branco e só existiam quanto muito dois canais, teríamos acesso àqueles cinemas com imensas plateias e ecrãs gigantes para o Cinemascope.
O entretenimento puro, com recurso a grandes meios de produção e atores e atrizes muito conhecidos a atropelarem-se no genérico, garantia grandes espetáculos para a família que se de lá não saía com grandes dilemas morais ou filosóficos, pelo menos descontraía o bastante para aguentar a semana seguinte a prosseguir o seu labor em prol da «Pátria».
«Evereste» seria o filme adequado para o ecrã do antigo Monumental. E constituiria decerto um grande êxito de bilheteira.
Pegando na história verídica de uma expedição ao mais alto cume do mundo, começa por correr relativamente bem com um conjunto de alpinistas a serem bem sucedidos na tentativa. Mas logo se transforma num drama, quando a insensatez de quem, mesmo a desoras, força o desejo de o alcançar, se soma a fortes tempestades, que vão provocando sucessivas vítimas.
Não é um filme que entusiasme até porque a realização é suficientemente inábil para percebermos logo de início tratar-se de uma viagem sem regresso para o líder da expedição, quando  se despede da mulher grávida na Nova Zelândia. Mas não se pode exigir mais de uma história condicionada pelos constrangimentos do local onde é suposto passar-se e pelo respeito para com a «very true story» em que se baseia.
É claro que será sempre um mistério a resposta à sempiterna questão de se saber porque, à custa de tanto sofrimento e risco de vida, há quem continue a fazer da conquista deste cume o grande objetivo da sua vida. E convenhamos que a resposta de Mallory («Porque está lá!) pode ter alguma piada, mas nada diz de concreto.
Os argumentistas alhearam-se completamente de fazer dessa questão um pretexto para tornar mais complexa uma estória demasiado simples. E foi pena!


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