sexta-feira, abril 21, 2017

(DIM) «11 minutos» de Jerzy Skolimowski (2015)

Um encontro fatal para onze personagens de que acompanhamos os onze anteriores minutos antes de tudo acontecer. Tal é o tema deste virtuoso exercício narrativo do realizador polaco capaz de desenvolver em crescendo a tensão dramática antes do final absurdo.
No seu filme anterior - «Essential Killing» - Skolimowski acompanhava diversos grupos de perseguidos a um trânsfuga taliban. Agora opera um exercício contrário com onze personagens, um deles um cão, a serem seguidos pela câmara nos onze minutos, que faltam para virem a ser coletivamente afetados por um acaso fatal.
Cada um sugere uma dependência obsessiva, positiva ou negativa, que convergirá para a sua perda: o ciúme, a toxicomania, o roubo, a pedofilia…
Temos garantida uma multiplicação de perspetivas com recurso a diversos suportes de imagem, que vão da câmara convencional à de vigilância passando pelo telemóvel.
Cada personagem funciona no seu próprio ritmo, ora dilatado, ora contraído nos mesmo onze minutos, consoante o que o ocupa. Se dividíssemos o ecrã em onze painéis e víssemos a ação decorrer distintamente em cada um deles, poderíamos ter o filme a durar apenas os onze minutos de cada uma das partes. Tudo consagrado com um humor absurdo, mas ao mesmo tempo desesperado, que lembra Polanski...
No início temos os relógios a assinalarem as 17 horas e vemos uma atriz a ter um encontro com um realizador. O marido tenta avisá-la que tomou soporíferos por engano e dirige-se ao hotel onde a poderá encontrar. Um vendedor de cachorros quentes, em liberdade provisória, é abordado por uma rapariga, que lhe cospe a cara. Uma outra jovem reencontra o ex-namorado depois da sua tentativa de suicídio e do incêndio do apartamento. Ele pretende restituir-lhe o cão.
Incumbido da limpeza da fachada do hotel um homem espreita a companheira num dos quartos a ver o filme pornográfico onde contracena. Um dealer cocainómano escapa à polícia e prepara-se para entregar as suas encomendas. Uma equipa de assistência médica vence a resistência de vizinhos recalcitrantes e presta apoio ao parto de uma mulher. Um rapaz tenta assaltar uma loja de penhores dando com o cadáver do seu dono. Apanha o autocarro com um velho, que se dedica à pintura como amador.
Dez minutos passados o marido força a porta do quarto do realizador.  A varanda cede ao assalto, o realizador cai, fazendo com que caia um andaime e o seu ocupante. Uma conduta de gás explode à passagem da ambulância, obrigando-a a chocar com o autocarro, onde seguem o ladrão e o velho pintor, que, por seu lado, esmaga o vendedor de cachorros e o filho, o dealer. O marido não consegue agarrar a mulher, que também cai. A jovem e o seu cão são quem escapam ...
 

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