sábado, abril 15, 2017

(AV) Na terra de Donald Judd

Marfa é uma localidade situada a meia hora de El Paso, uma das mais conhecidas cidades texanas. Foi nela que Donald Judd encontrou refúgio misantropo para se afastar do bulício cosmopolita para que o tendia a atrair a sua condição de artista minimalista em ascensão no mercado da arte.
Até à sua morte inesperada em 1994 foi no espaço aberto da planura envolvente, que conjeturou as suas obras escultóricas de uma simplicidade austera, porque pensadas para não estimularem em função das suas cores, formas ou matérias, mas para interagirem com todo o espaço envolvente. Por isso tratavam-se de «conceitos» sem qualquer intenção de virem a ser comercializados, porque gigantescos na dimensão e elaborados quase sem a intervenção ativa do artista na sua concretização, porque eram encomendadas a fábricas, depois incumbidas de as virem montar no local designado, aí sim com o acompanhamento final de quem as imaginara.
O que Judd não previra foi a reviravolta verificada nesse mercado da arte, com a chegada de clientes mais preocupados em comprarem obras de artistas conceituados do que em pensarem-nas numa lógica de comissariado para os seus próprios espaços ou coleções.
Surpreendentemente até as mais desproporcionadas esculturas de Judd passaram a integrar os mais conceituados leilões de arte contemporânea. 

Sem comentários: