terça-feira, abril 04, 2017

(A) Quando dei de caras com as obras de James Rosenquist

Na última vez que estive em Nova Iorque apanhei com uma retrospetiva de James Rosenquist no Guggenheim.
Passara a manhã no MOMA, onde comparecera logo ao abrir das portas para ver em poucas horas o máximo, que o meu olhar pudesse abarcar: Pollock, Picasso, Klimt, Matisse e muitos, muitos mais. Era, obviamente, ter muito mais olhos que barriga, porque em vez de me deter face a cada obra o tempo bastante para verdadeiramente a ver, funcionava o comportamento do guloso a devorar iguarias sem as chegar a apreciar.
Mas havia também a surpresa de subir umas escadas e dar com uma enorme janela envidraçada para o Central Park todo coberto de neve (estava-se em dezembro!). Ou entrar numa sala e surpreender-me com uma enorme coleção de Ingres, pintor sobre o qual pouco mais sabia do que tratar-se de um apreciador de violino (segundo o esquecido Trivial Pursuit). Ou descer à cave e dar com milhares de obras dos povos primitivos do Pacífico.
Significa isto que, atravessando a rua, percorrendo-a até duzentos ou trezentos metros acima ia a perguntar-me se do edifício criado por Frank Lloyd Wright conseguiria ver mais do que a sua espantosa arquitetura. À cautela comecei pela cafetaria para o intervalo do tardio almoço. Depois, foi outro espanto com a longa subida pelo corredor em caracol, desde o rés-do-chão até lá bem ao topo, com obras de um pintor até então desconhecido. James Rosenquist.
Que era pop art não duvidava. Mas bem diferente do que Wharol, andara a fazer. Até porque era evidente a mensagem política inerente a muitas dessas telas enormes. O Vietname e as suas consequências para invasores e invadidos. O consumismo desenfreado de uma sociedade do desperdício.
Nunca mais esqueci o nome do pintor, muito embora ele seja tão poucas vezes referenciado na merecida importância na arte norte-americana do século XX.
Vi-lhe agora o nome nas notícias, porque morreu a semana transata. Triste sina a de quem tem obra bastante para ser lembrado por bem mais do que pela alusão necrológica.

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