sexta-feira, junho 05, 2015

ESTÓRIAS DA HISTÓRIA: Pelas terras da Rainha do Sabá? (3)

Karl Mauch era um alemão que, nos finais da década de sessenta do século XIX, tinha a ambição de desvendar o que existia em regiões africanas ainda desconhecidas dos europeus e para onde diversas tribos africanas se tinham dirigido como forma de melhor se defenderem do avanço dos colonizadores brancos.
Como os sabia desconfiados relativamente a todos os europeus, que andassem a analisar a qualidade das suas terras, Mauch fingiu-se de louco para lhes apaziguar as dúvidas. E foi anotando todos os pormenores, que lhe iam facilitando a tarefa de mapear as principais referências do interior sul-africano, que enviava depois para o Instituto Geográfico Alemão, apesar de se tratar da instituição, que lhe negara anteriormente qualquer apoio para a sua aventura expedicionária.
Os seus textos não tardaram a ter ampla divulgação na Alemanha onde passou a ser elogiado como o paradigma do que deveria ser o explorador germânico. Razão para que muitos compatriotas lhe enviassem pequenas quantias para lhe apoiarem os próximos passos da sua aventura.
Apesar de ter encontrado ouro, Mauch decidiu seguir em frente sem reclamar aquele território onde a fortuna parecia sorrir-lhe: “Tenho de escolher entre as minhas descobertas de ouro e as minhas explorações”, referiria numa carta.
Aventura e respeito eram os verdadeiros objetivos que pretendia garantir. E ambos pareciam-lhe cada vez mais ao seu alcance.
Em 1868, quando contava 38 anos, avançou para áreas ainda mais desconhecidas e imprevisíveis: “Posso designar esta viagem como uma longa luta contra a fome.
A caça rareava ao contrário dos guerreiros hostis, que lhe causavam um enorme medo. Mas a maior dificuldade foi a de ter contraído malária, passado oito dias sem comer e caído em coma. Para o resto da sua vida nunca mais deixaria de ser atormentado por problemas de saúde decorrentes desta terrível provação.
Ele reanimou-se, quando alguns membros da tribos locais lhe falaram das ruínas de uma cidade feita em pedra na outra margem do rio Limpopo.
Embora ainda fraco decidiu fazer das fraquezas forças e procurar tais vestígios do passado, que poderiam justificar a razão porque, seis anos atrás, aportara ali decidido a descobrir o que nenhum explorador anterior teria conseguido.
Entrou assim num mundo estranho em que se tornava vítima fácil dos chefes tribais sempre ambiciosos nas oferendas exigidas. Os objetos que levara para oferecer depressa começaram a escassear: “Nestas circunstâncias é preciso ter paciência. É preciso assumir a expressão facial certa ao entregar presentes.” Como Mauch tinha armas de fogo, os aldeões pediam-lhe que caçasse para eles, o que se o levou a, em determinada altura, garantir o sustento de quarenta pessoas por dia, sem qualquer retorno por parte destas. Ao contrário de outros exploradores, Mauch optava sempre pela generosidade e pela negociação com os seus carregadores.
“Durante a noite soprava um vento frio entre as montanhas. Fazia-me pena ver aquelas figuras magras e despidas a tremer de frio, e dei-lhes os meus próprios cobertores de lã”. Mas em vão: ao fim de oito meses de viagem desapareceram, deixando-o sozinho em plena selva.

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