segunda-feira, dezembro 12, 2016

(C) Ambientalistas a descobrirem as virtudes do nuclear?

No final dos anos 70, quem já era contra a energia nuclear achou que ela não era realmente necessária. E esse é o paradoxo do movimento: acabou por favorecer a exploração dos combustíveis fósseis, cujos efeitos são descomunalmente mais devastadores. O aumento das emissões de dióxido de carbono para a atmosfera criou uma tal urgência de as fazer cessar, que a questão será a de o conseguir sem pôr em causa todo o consumo de energia ainda a crescer a nível mundial.
Um argumento de quem não acredita nas mudanças climáticas é de sermos demasiado insignificantes para nelas termos influência. Mas já são óbvios as demonstrações dos desequilíbrios e do caos inerentes à transição para temperaturas globais mais elevadas. O processo de mudança está a ser muito rápido e a condicionar enormemente a vida das populações. Por isso até militantes ambientalistas voltam a colocar a possibilidade de regressar à energia nuclear pelo facto dela não produzir dióxido de carbono.
O fracasso da implementação do Protocolo de Quioto só confirmou que a abordagem tradicional para corresponder positivamente às ameaças causadas pelas alterações climáticas não está a resultar. O pressuposto do seu sucesso implicaria o aumento significativo do recurso aos combustíveis fósseis e isso ninguém conseguiu forçar. Não se vai, pois, conseguir a imposição de medidas eficientes a nível global.
Não será suficiente ver pinguins a morrer ou calotes polares a derreter para que se levante uma contestação coletiva suficientemente forte contra quem não prescinde dos lucros obscenos, que continua a acumular com as suas indústrias poluidoras.
A possibilidade de se recorrer intensivamente às energias eólicas e solares eram sedutoras, mas nem sempre o sol brilha nem o vento sopra, pondo em causa o rendimento efetivo de tais soluções. Como fonte suplementar para quando não conseguirem abastecer a rede elétrica, tem sempre de se contar com uma central a gás natural.
A ideia de substituir o petróleo, o carvão e o gás natural pela energia solar e eólica e nada mais é uma grande ilusão, mesmo que se potenciem ao máximo as tecnologias relacionadas com a eficiência energética.
A narrativa padrão do movimento ecologista é a de conseguirmos viver com menos consumo de energia. Mas isso não pode durar para sempre…
Quem imagina que podemos reduzir o nosso consumo com energia, defronta-se com a evidência de surgirem sempre novos equipamentos dela  carecidos. Os telemóveis e smartphones, bem como s respetivos servidores vieram aumentar significativamente os consumos globais.
Se não quisermos condenar mais de metade da população da Terra à pobreza, à doença e a esperança de vida muito reduzida, temos de produzir mais energia. E poucos watts podem fazer muita diferença: com eletricidade melhora-se a vida das pessoas. Não é por acaso que existe uma correlação direta entre o consumo de energia por habitante e a respetiva qualidade de vida.
Cálculos não muito arriscados permitem concluir que, até 2050, duplicaremos o consumo energético mundial. E deverá triplicar, ou mesmo quadruplicar, até ao final do século. Ora isso implicará que quase toda essa energia terá de ser “limpa”, sem suscitar emissões poluentes para a atmosfera.
Para muitos ambientalistas é um choque ouvirem isto, mas o carvão não só é a fonte de energia mais utilizada no mundo, como também a que mais se populariza. A sua utilização aumenta mais depressa do que a do gás natural! 


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