quinta-feira, dezembro 08, 2016

(A) Tallinn, uma capital com a dimensão de uma aldeia

Se dos vários continentes colhi experiências múltiplas entre o deslumbramento e a inquietação, em todos eles deixei - pelo menos até agora! - muito por conhecer. Dos três Estados bálticos, que integraram a União Soviética até aos anos 90, só estive na Letónia, tendo sido Ventspils o primeiro porto estrangeiro a que cheguei de navio em 1975. Nada então me levaria a pensar que as coisas tais quais eram, tornar-se-iam muito diferentes em apenas década e meia.
Nunca conheci Tallinn, mas a sua vida cultural denota um dinamismo que suscita admiração. Apesar da realizadora Triin Ruumet a considerar uma aldeia com pretensões a ser entendida como cidade, pois todos se conhecem entre si e até lhes é possível identificar laços familiares mais ou menos próximos.
É dela o filme «The days that confused», passado nesses anos imediatos à independência, quando a juventude se viu perante uma liberdade desconhecida e com que não sabia lidar. O vazio a que ela a condenava era quase sempre afogado em muito álcool.
Uma alternativa é o canto e, surpreendentemente, numa cidade tão pequena existem 330 grupos corais. Há quem diga que esse gosto por partilhar experiências musicais está no ADN de cada estónio. Um desses coros é o «Sereen» de que fica aqui proposto um clip.
Os estudantes de Artes e Arquitetura da respetiva academia andam ocupados com uma tarefa proposta pelo professor Hannes Praks: procedem ao estudo aprofundado de todas as esculturas de um grande edifício barroco do século XVII até agora fechado ao público. Espera-se que, em breve, as suas portas se abram para enriquecimento do circuito que leva muitos turistas a  arriscarem-se nestas latitudes nórdicas, onde as longas noites de inverno conseguem ser tão densamente escuras como o breu.
Há também quem, com a sua colaboração, se dedique a investigar novos materiais destinados a substituir os plásticos e em que a ligação dos compostos orgânicos é feita com mel ou café.
O percurso cultural ainda pode passar pela casa-museu de Flo Kasearu, construída em 1911, quando a Estónia viveu um curto período de independência antes da ocupação russa, e expropriada até há sete anos, altura em que foi devolvida à família. Ela decidiu fazer um museu subjetivo bem humorado em que propõe um olhar sobre o presente e o passado do país.
Interessante, pois, esta capital europeia onde a população russa constitui 1/3 da que aí vive e onde a sua influência no próximo governo é tida como determinante.


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