terça-feira, janeiro 25, 2011

Filme: QUE SÍTIO MARAVILHOSO! de Eyal Halfon (2005)

A história passa-se em Israel, mas podia passar-se aqui em Portugal ou em qualquer outro país do Ocidente. Porque tráfico de pessoas é assunto na ordem do dia nestes tempos de migrações globais.
Ainda assim este filme de Eyal Halfon dá uma visão muito diferente da que nos habituámos a ter do país de Benjamin Netanyahu. Porque em vez da guerra declarada entre judeus e palestinianos, encontramos um espaço ocupado por emigrantes tailandeses no cultivo dos campos, filipinos no apoio à terceira idade, colombianos, romenos ou brasileiros na construção civil ou ucranianos na exploração da prostituição e do jogo.
As primeiras imagens mostram precisamente um conjunto de mulheres jovens a entrarem em Israel através da fronteira com o Egipto. Entre elas está Jana, que depressa será preterida para os bordéis locais devido a uma mancha na cara. Mas é a ela que se afeiçoa um dos membros do bando envolvidos na sua exploração : Franco é um antigo polícia, expulso da instituição devido ao seu vício no jogo. E que sentirá uma aproximação cada vez mais descontrolada por essa Jana, que o ensinará a nadar, fragilidade de que eles e sentia  imbuído na presença do seu jovem filho.
Outros personagens vêm igualmente complementar o universo descrito pelo realizador: o bulímico infeliz, mais próximo dos seus empregados tailandeses do que da mulher que o engana com o patrão. Ou o velho militar inconformado com a sua degradação física e decidido a pôr-lhe um ponto final de livre vontade.
Naquele que será considerado um lugar maravilhoso por uma princesa tailandesa em viagem turística pela região, as personagens encontram saídas contraditórias para os seus impasses: o velho Aloni consegue suicidar-se não sem antes livrar o criado filipino do chefe mafioso, que o roubara de todas as suas poupanças, Jana consegue recuperar o passaporte e assim regressar à Ucrânia natal ao encontro da sua filha, Franco é aprisionado quando o seu bando é capturado numa acção dos seus antigos colegas. E até Zeltser decide pedir ajuda na organização dos Bulímicos Anónimos.
Há, pois, um final feliz, mesmo que um dos personagens mais presentes na tela acabe preso. Mas o espectador sentirá essa punição como manifestação de uma forma de justiça por condenar quem, apesar de alguns escrúpulos, nunca ter conseguido encontrar forças para vencer as suas mais nefastas pulsões...


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