Há passos que não se devem dar quando a perna é muito curta. Eis a constatação a tecer a respeito desta longa-metragem de Bill Plympton, cujas curtas-metragens são, amiúde, interessantes.
Repetindo-se aqui o estilo habitual dos seus desenhos, temos um personagem de péssima conduta, que é violento sempre que pode, sejam suas vítimas o condutor do carro, que lhe tenha roubado o lugar de estacionamento, a mulher do dono do bar aonde passa horas ou um outro involuntário parceiro de copos cuja fragilidade seja por demais evidente.
Estranho é começarem a crescer-lhe asas nas costas. Que ele procura cortar, ou esconder até tal lhe ser impossível.
Mas nem esses atributos de eventual santidade lhe melhoram o comportamento, sucedendo-se novas agressões e provocações a quem passa no seu horizonte. Até que se apaixona pela mulher do barman e acaba por este assassinado.
Mas nem os novos donos das asas tomam melhores atitudes: há um médico, que só vê em tais atributos a riqueza mediática por eles passíveis de garantir e o próprio dono do bar recorre à capacidade de voar para fazer explodir todos os seus concorrentes.
Moral da história: a religião não capacita as pessoas a melhorarem as suas virtudes e a restringirem o que lhes vai de negativo no íntimo. Solução a sério só o Amor com o ressuscitado protagonista inicial a acordar, feliz, com a ex-mulher do barman.
O problema do filme não é, pois, a temática nem a sua visualidade, mas o quanto se arrasta para chegar à dimensão da longa-metragem: enfadando com as repetitivas variantes surrealistas, que nada lhe acrescentam…
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