domingo, março 26, 2017

(C) A Odisseia Rosetta novecentos dias depois

Na Odisseia cumprida pela nave Rosetta, que viajou até 6,4 mil milhões de quilómetros da Terra ao encontro do cometa Tchouriomov-Guérassimenko, lamentar-se-á sempre que o robô Philae, incumbido de nele aterrar e colher dados, não tenha sido bem sucedido. Deslocado para uma fissura onde os raios solares não chegavam, viu abortado logo de início a sua missão. No entanto este segundo filme de Jean-Christophe Ribot a acompanhar as diversas equipas de cientistas do projeto é tão, ou mais, interessante do que o produzido dois anos trás, quando era questão de mostrar como fora concebido, preparado e concretizado até ao dia 12 de novembro de 2014, quando se chegara ao seu momento culminante.
Desenvolvida a partir de 1993, o que a Agência Espacial Europeia pretendia com esta missão  era a comprovação de uma tese: esses viajantes do espaço, que regularmente nos vão visitando de acordo com as suas órbitas mais ou menos dilatadas, trazem consigo os elementos necessários à propagação da vida por todo o Universo. O que os espectrómetros e outros equipamentos de medição pretendiam captar eram as evidências da presença de água e de aminoácidos propiciadores da criação de proteínas.
A sua confirmação, efetivamente conseguida, corrobora a tese segundo a qual a nossa existência deve-se ao bombardeamento da Terra, ainda em fase muito recuada da existência, com cometas deste tipo, que nele semearam as matérias necessárias para a criação de vida. E, generalizando. pode-se presumir, que o mesmo aconteceu em muitos outros planetas do Sistema Solar, e não só, onde outros seres, humanoides ou não, podem estar neste momento a seguir com as suas vidas.
O documentário é muito interessante de seguir, não só pelas fotografias de grande pormenor sobre a superfície do cometa, mas também pelos testemunhos de diversos cientistas, sempre divididos entre as suas dúvidas e o entusiasmo com o que iam descobrindo.
Os muitos milhares de euros investidos nesta missão tiveram o condão de nos dar a conhecer o que apenas podemos adivinhar quando, nas noites estreladas, nos pomos a olhar para o céu. Existirá sensação mais contundente do que a consciência da nossa pequenez perante a imensidade do cosmos? E, no entanto, que isto não sirva para legitimar uma qualquer ilação religiosa. O que temos a descobrir mais não é do que a infinita manifestação da matéria. ..


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