De um filme com a Isabelle Huppert espera-se uma qualidade acima da média, capaz de superar as fronteiras do entretenimento mais ou menos idiota. Infelizmente «Copacabana» desmente essa convicção: embora esteja uns furos acima de muitos dos outros filmes de entretenimento destinado a plateias hipnotizadas ao som das pipocas, tem todas as características de uma comediazinha banal, sem imaginação e incapaz de suscitar inquietações sobre temas em que pareceria interessada em tocar - o desemprego de longa duração, a mobilidade, as contradições de valores das gerações dos pais e dos filhos, etc.
Huppert é Babou, que teve um passado errante ao sabor de amores e desamores e sem nunca se conseguir fixar profissionalmente em nenhum projecto duradouro. Agora sem dinheiro e sem emprego, sente-se distante da filha, que a olha com censura por nunca adoptar um comportamento burguesmente responsável.
Uma tentativa para conseguir um emprego numa pastelaria falha por chegar tarde. O que a não impede de quase desfazer a loja à saída.
Não espanta que Esmeralda anuncie o casamento e lhe peça para que não compareça na cerimónia, inventando-se o álibi de estar ela no Brasil. O medo da rapariga é que Babou se revele desastrosa no seu primeiro contacto com os progenitores de Justin.
Sem quaisquer soluções de futuro, Babou deixa Lille para se fixar em Ostende como vendedora de apartamentos em time sharing.
A relação com Irene, a co-locatária com quem a põem a partilhar um apartamento, é péssima, mas em compensação ela não tarda a arranjar um namorado na pessoa de um estivador e a converter-se numa vendedora de grande sucesso.
O problema é que adopta um casal de jovens sem-abrigo, a quem franqueia as portas do prédio aonde habita insinuando-os num dos apartamentos para venda. E que lhes dá mais atenção do que a Esmeralda, que decidira vir visitá-la num domingo.
Quando tudo lhe parece correr mal - a ruptura com esse efémero namorado, o despedimento acusada de abuso de confiança - Babou vê o realizador garantir um final feliz e tudo lhe vai então correr bem: com a indemnização do despedimento vai ao casino local, ganha uma fortuna, consegue pagar a festa de casamento á filha e embarca em tournée com um grupo de bailarinos de samba, que passa a integrar como cabeça de cartaz…
A inverosimilhança do final é tão óbvia, que o espectador se sente adornado de vistoso barrete na cabeça. Razão para esta primeira desilusão com um título com a conhecida actriz francesa… e com a sua filha na vida real, que faz de Esmeralda!
Sem comentários:
Enviar um comentário