Quando se abordam as grandes aventuras da aviação mundial, ouvimos tecerem-se loas a Charles Lindbergh, mas raramente se ouve falar de Charles Nungesser, um pioneiro francês, que esteve quase a conseguir antecipar-se àquele na travessia entre Paris e Nova Iorque.
E, no entanto, esse Nungesser era uma personalidade bastante mais interessante do que esse norte-americano, que viria a revelar comprometedoras simpatias pelo regime de Hitler e por todo o tipo de regimes autoritários…
Ele chegara à aviação na época em que, aluno deplorável, vira naquela aventura um modo de vida.
Era o tempo em que a coragem dos primeiros aviadores era bem mais relevante do que os seus conhecimentos técnicos.
A sua ousadia fora depois testada na Grande Guerra Mundial de 1914-18, aonde se notabilizara nos primeiros combates aéreos e, depois, nas exibições de destreza nos céus americanos aonde replicava as batalhas ocorridas nos céus europeus. Espectáculos, que lhe tinham valido o casamento com uma rica herdeira fascinada pela sua imagem heróica, mas a quem jamais pediria o dinheiro, que o aliviasse da sua sempiterna pelintrice. Mesmo contando com a sua efémera carreira de galã do cinema mudo.
Em Maio de 1927, quando acompanhado de Coli, avança para a grande aventura, sentia-se completamente falido e aquela aventura constituía uma espécie de última oportunidade para sair da cepa torta. Tanto mais que estava em jogo uma recompensa valiosa para quem perfizesse a primeira travessia transoceânica sem escala. Mas, mesmo tendo porventura chegado ao continente americano, ele acaba por representar o paradigma romântico de quem andou a perseguir um sonho demasiado grande para as suas possibilidades… sem ser bem sucedido.
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