É a história de Nilton e de Fernando, dois pilotos aviadores, que trabalham nos céus da Amazónia, mas trata-se, igualmente, de um convite ao espectador para uma viagem eivada de poesia.
Nilton é um antigo seminarista, normalmente vestido com uma farda impecável e disposto a tudo transportar: anjos em gesso, legumes, feridos, mortos, etc. No início ele servira de copiloto a Juarez, com quem tudo aprendeu. Mas, um dia, esse amigo enlouquecera, estando internado num manicómio desde que se mostrara disposto a fazer milagres com o sexo pelas ruas de Manaus. Essa cidade cujos habitantes, em maioria, nada esperam de bom do futuro.
Fernando tem um aspecto mais irreverente, vestindo-se sempre informalmente e andando quase sempre descalço e, porque adora água, o seu aparelho é um hidroavião. O tio, seu confessado modelo, chegara a traficar cocaína até ser apanhado e preso. Mais adiante, o sobrinho voltará a visitá-lo na mina no meio de nenhures, aonde continua a perseguir sonhos de riqueza.
O filme desenvolve-se, pois, com imagens dos pilotos no seu quotidiano, quer com os clientes a bordo, quer pelas ruas de Manaus, e com as respectivas vozes off a revelarem as suas memórias e aspirações. E, sucedem-se as exuberantes imagens da floresta e dos rios, que a rasgam.
As nuvens empilham-se nos céus numa beleza infinita, que sobrevoa lugares jamais pisados por pés humanos.
Os dois homens só se encontram no final, quando contam quando haviam trabalhado juntos e se tinham começado por antipatizar mutuamente. Mas, um dia, um grupo de delinquentes quisera sequestrar o aparelho, que tripulavam, e eles tinham-nos dominado e morto.
Desde então forjara-se a amizade inerente a essa experiência partilhada.
Na cena final os dois aviões deslocam-se em formação no ar, desaparecendo depois do ecrã, um para cada um dos seus lados.
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