terça-feira, agosto 23, 2011

Filme: PRINCESAS de Fernando Léon de Aranoa (2005)


A filmografia de Aranoa é exígua mas muito interessante.
«Princesas», que já foi realizado há seis anos atrás, é o título subsequente a outro bastante interessante sobre operários desempregados de um estaleiro galego, que iludiam as desilusões em passeios ao sol às segundas-feiras.
No caso deste filme temos uma superlativa interpretação de Candela Peñano papel de Caye, uma prostituta madrilena, que se toma de amizade por uma dominicana clandestina, Zulema, com quem irá partilhar os bons e os maus momentos.
A realidade da prostituição confere ao filme um lado voyeurista, que não escamoteia, porém, o que de mais importante nele se aborda: a solidariedade dos desvalidos, a sordidez chantagista de gente sem escrúpulos, a violência sobre as mulheres, a sobreexploração dos trabalhadores emigrantes, o temor reverencial da morte…
Zulema contrairá sida e regressará à sua ilha caribenha para aproveitar os anos, que lhe restam com o filho, não sem antes se vingar do funcionário, que a violenta à conta dos papeis de legalização jamais facultados. Caye desistirá dos implantes mamários e decidirá revelar à progenitora a realidade dos seus dias. E, no meio de tanta tristeza, acontecem aqui e além alguns momentos de esperança (o episódico namoro de Caye com o informático, que não quisera acreditar na sua «profissão», o passeio das raparigas habitualmente concentradas no salão de cabeleireiro numa limusina ministerial, etc.).
Numa constante do cinema de Aranoa surgem personagens, que se enganam a si próprios com histórias forjadas nas suas mentes perturbadas, mas facilmente desmascaradas no olhar dos outros.


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