De entre os muitos projectos sociais passíveis de serem traduzidos em imagens, que os documentem e lhes garantam alguma perenidade, o da criação de peças de design pelas presas da cadeia de Tires é um dos mais interessantes. Porque valoriza mulheres transitoriamente em processo de ressarcimento penal dos seus pecadilhos passados e porque constitui um bom exemplo de reinserção social.
A realizadora centraliza-se em três mulheres: a romena Vicky, a brasileira Iracy e a chinesa Yau. Só num caso sabemos que deviam esse encarceramento à sua condição de correios de droga, mas não é difícil adivinhar nas outras a mesma causa para este idêntico efeito.
A actividade desenvolvida na prisão fá-las ganhar a sensação de um tempo a passar mais depressa, quase lhes parecendo que a libertação e o regresso a casa estarão mais próximos.
Até lá trabalham, lêem, escrevem e sonham com futuros diferentes.
A realizadora também vai até à Venezuela ao encontro de uma antiga detida na mesma cadeia e que levou por diante um projecto próprio no seu país natal a partir dos conhecimentos adquiridos no seu período de prisão. Ainda que o seu maior sonho fosse o de regressar a Portugal, agora na condição de mulher livre, para continuar a aprender e a trabalhar com os designers com quem tudo aprendera.
Mas, para além do projecto em si, o documentário demonstra bem como a amizade solidária se sobrepõe às línguas e às raças de quem coexiste no mesmo espaço concentracionário.
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