No início dos anos setenta o termo «máscara» estava na ordem do dia. À nossa volta sentíamos, que todos punham máscaras, escondendo as emoções inquietas perante a ditadura, a guerra colonial e o futuro incerto.
Depois veio o 25 de Abril nesse dia claro sublinhado pela Sophia e tudo parecia tender para a autenticidade, para a vida plena.
Agora que a revolução está a sofrer o maior dos ataques alguma vez engendrados contra tudo quanto ela suscitou, imperam as máscaras à nossa volta. Com expressões soturnas de quem sobrevive às inquietas emoções quanto às incertezas que aí vêm.
Faz assim todo o sentido resgatar este conto de Nathaniel Hawthorne, escrito no século XIX, em que uma congregação rural é surpreendida pela atitude do pastor, que passa a comparecer junto dos seus fiéis com um véu negro, que lhe esconde as expressões. Seja em casamentos, funerais ou outras cerimónias, em todas ele surge protegido por tal capa, que tanto desconcerta quem o vê.
Sem perceber quanto ele espelha o que todos acabam por trazer pendurado no seu íntimo.
Como todos nós, hoje em dia...
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