sexta-feira, julho 01, 2016

(DL) «Paraíso Virtual» de Nick Sagan

É singular que, quando se trata de imaginar o futuro da Humanidade, os escritores são muito mais tentados a imaginar distopias do que Utopias.
Questão de mercado? Aparentemente os potenciais leitores estão bem mais carecidos de fazer a catarse dos seus medos do que deixarem-se embalar por sociedades ideais resultantes das transformações que tenham ajudado a promover no seu dia-a-dia.
Nick Sagan viu vertido para português o segundo volume de uma trilogia dedicada ao que seria a Terra num contexto de quase total extermínio por causa de um poderoso vírus, o Ep Negra e que só contaria com vinte sobreviventes entre os humanos e os clones produzidos num laboratório ultrassofisticado. O título: «Idlewild».
Surgem assim duas fações principais: na Baviera, em Nymphemburgo, existe uma comunidade matriarcal, constituída por duas sobreviventes do cataclismo - Vashti e Champanhe - e seis clones por elas criadas.
No Egito, Isaac prefere viver com os filhos, todos humanos, muito mais sensíveis às variações do flagelo e por isso condenados à ingestão de medicamentos. Para educa-los ele preferiu uma vertente religiosa baseada nos antigos sufis islâmicos.
À parte de uma e outra comunidade vivem Pandora, que é a faz-tudo, que tudo repara e reconstrói, e Halloween, que se ausentara para a solidão norte-americana, depois de matar Mercurio, que enlouquecera e pusera em perigo a sobrevivência da espécie. Acrescenta-se-lhes Malachi, uma espécie de programa de sotware, aparentado com o HAL de «2001, Odisseia no Espaço».
Enquanto leitores vamos acompanhando a deriva narcísica de Penny, uma das «filhas» de Vashti e Champanhe, que não se contentaria com menos do que incondicional idolatria dos demais, nem que fosse à custa da compra dos seus afetos. Como não consegue - bem pelo contrário! - é ela queminstiga Duque, o clone secreto criado por Halloween, a imitarem Mercurio, tentando destruir todos os que ainda sobrevivem à custa de explosões e envenenamentos. Uma vez mais será Halween a fazer o papel de salvador.
Como é típico do desenvolvimento das narrativas vindas da terra do Tio Sam, os maus da fita quase levam a sua avante até que, in extremis, são travados e eliminados. É o que acontece nesta história da autoria do filho de Carl Sagan, que nunca me conseguiu verdadeiramente convencer da sua valia. No género da Ficção Cientifica existem propostas bem mais aliciantes...

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